sexta-feira, 19 de abril de 2013

ACONTECEU NA BR-153




A BR-153 é uma rodovia federal, que corta o país de norte a sul.  Aqui no estado de São Paulo, ela se inicia no município de Icem, na divisa com Minas Gerais e termina em Ourinhos, na divisa com o Paraná.
Foi nessa rodovia que aconteceram os fatos que vou relatar agora.
Nós tínhamos fechado um contrato para fotografar um casamento na cidade de Icem, na fronteira norte do Estado, cidade que fica distante uns sessenta quilômetros de nossa sede em São José do Rio Preto.
O casamento seria realizado num sábado, sendo o casamento civil no período da manhã e o religioso no período da tarde, às dezoito horas.
Para cumprir esse compromisso, enviei a Icem, meu colega de trabalho chamado Silvio.  Ele viajou de ônibus, logo de manhã, para fotografar o casamento civil no cartório da cidade.  O combinado era que, assim que o casamento terminasse, ele embarcaria de volta para Rio Preto no primeiro ônibus. À tarde, nós dois voltaríamos a Icem, para fotografar o casamento religioso e a recepção.
Tudo corria normalmente, até o momento que recebo um telefonema do Silvio, dizendo que a família solicitou a presença dele no almoço que seria servido em seguida.  Queriam fazer algumas fotos com a família e parentes que vieram de outras cidades.
Sabendo disso, perguntei ao Silvio, se ele se sentia seguro para executar esta tarefa, pois ainda estava na fase de aprendizado como fotógrafo.  Ele conseguia fotografar bem, cenas paradas, onde não houvesse aquela pressa de rotina das reportagens fotográficas.
Perguntei também, se ele havia levado filmes em quantidade suficiente para fotografar o almoço em família e ele me respondeu que se sentia seguro para fotografar, que eu não deveria me preocupar com isso e que tinha levado alguns filmes a mais. Portanto, daria para fotografar o almoço com tranqüilidade.
Diante daquela situação, combinamos o seguinte: terminado o almoço, ele deveria se instalar no único hotel da cidade para descansar e tomar um bom banho.  Eu passaria na casa dele em Rio Preto e pegaria com sua mãe, a roupa que ele usaria no casamento religioso. Combinei também, que sairia mais cedo de Rio Preto, para nos prepararmos com tranqüilidade para o evento da noite.  E assim fizemos.
Ele fotografou o casamento civil seguido do almoço, e depois se instalou no hotel para descansar e aguardar a minha chegada no meio da tarde.
Naquela manhã, trabalhei normalmente na loja da empresa.  Fechei o estabelecimento por volta de meio dia e meio e fui pra casa almoçar.  Antes de tudo isso, telefonei para a mãe do Silvio, pedindo que ela preparasse uma troca de roupa de passeio para eu levar a Icem.
Chegando em casa, tomei um banho, almocei e descansei um pouco.
Por volta das quinze horas, chequei o equipamento que ia usar na reportagem, me despedi de minha esposa e parti.  No caminho, passei na residência do Silvio e peguei um cabide com as trocas de roupa que a mãe dele havia preparado para ele usar no nosso compromisso.
Peguei a estrada.  Estava tranqüilo, pois a viagem normalmente não demora mais do que 45 minutos.  A minha previsão era de chegar bem cedo, para nos prepararmos com bastante calma.
A viagem estava calma, pouco trânsito.  Depois de rodar uns 15 ou 20 minutos, a surpresa.  O transito parou.  Todos os veículos parados sobre a rodovia, com o pisca-alerta ligado. Naquele momento, achei que fosse uma “paradinha” de rotina.  Às vezes, o pessoal da manutenção pára o transito pra fazer algum reparo na pista ou alguma coisa parecida.
Acontece que o tempo de parada foi se prolongando. O pessoal descendo dos carros e caminhões, reunindo-se em rodinhas, batendo papo.   Comecei a ficar preocupado.  De repente, vi uma viatura da Policia Rodoviária Federal estacionada mais adiante.  Fechei o carro e dirigi-me até eles.  Queria saber o que estava acontecendo.
O policial rodoviário me deu uma notícia que eu não gostaria de ouvir.  Um quilômetro adiante, havia acontecido um acidente com um caminhão que levava uma carga de couros.  O caminhão estava tombado no acostamento e a carga estava sendo transferida para outro veículo.  Naquele momento o guincho estava engatando os cabos para destombar o caminhão.  Com aquela movimentação toda de veículos e pessoas, a rodovia precisou ser interditada.
Perguntei então, ao policial rodoviário, se havia uma previsão para o término dos trabalhos, pois tinha um compromisso para logo mais.
O policial me respondeu de forma meio ríspida, que não havia previsão para a desobstrução da rodovia e que todo mundo ali também tinha compromisso, não era só eu.
Comecei a ficar nervoso e as pernas começaram a tremer.  Fiquei pensando no Silvio, sozinho lá em Icem, sem roupa adequada para a cerimônia, sem prática nenhuma para executar um trabalho daquela importância e sem material suficiente para trabalhar.
Começou a chover, uma garoa fininha, que fez com que todos corressem para dentro dos seus veículos. De tão nervoso, eu já nem tinha unhas para roer.  Ia começar a comer dos dedos...
Voltei até onde estavam os policiais,e perguntei a eles se havia alguma outra alternativa, uma estrada rural, mesmo sem pavimentação, que eu pudesse utilizar para desviar daquele trecho de rodovia que estava interrompido.  Resposta negativa.  Eles não conheciam nenhuma rota diferente para me informar.
De repente, um caminhoneiro me sugeriu para eu voltar alguns quilômetros, entrar na pequena cidade de Onda Verde.  Talvez algum morador dessa cidade pudesse me dar alguma informação sobre a tal rota alternativa.
Assim fiz.  Liguei o carro, fiz a meia volta e rumei para Onda Verde. Era realmente uma cidade bem pequena, com uma única rua com estabelecimentos comerciais.

Estacionei o carro, dirigi-me a um bar, onde havia várias pessoas batendo papo.
Expliquei a eles o meu problema e um deles apareceu com uma única solução possível, a Fazenda dos Ingleses.
Essa fazenda era localizada no caminho de uma estrada rural entre os municípios de Onda Verde e Nova Granada.  Se eu conseguisse chegar a Nova Granada, poderia retornar à BR-153, bem à frente do trecho interditado. Só que no meio do caminho, tinha a Fazenda dos Ingleses.  Um dos freqüentadores do bar me disse que eu deveria contar com a sorte.  Se a porteira da fazenda estivesse aberta, tudo bem.  Eu conseguiria passar por dentro da fazenda e chegar ao meu destino. Caso contrário...
A chuva apertou.  Despedi-me do pessoal do bar e coloquei o meu Opalão na estradinha de barro.  A estrada estava péssima, muito barro, muitas poças d’água e muita costela- de- vaca, ondulações na estrada que fazem o carro trepidar  demais.
Depois de muito zigue-zague e escorregões na estrada enlameada, cheguei na Fazenda dos Ingleses. Havia rodado  mais ou menos uns dez quilômetros para chegar lá. Como eu sou um sujeito de “muita sorte”, encontrei a porteira da fazenda fechada.  Não havia uma única alma nas redondezas para me dar alguma informação. 
Chovia muito, chovia demais. 
Nessa altura, eu tinha até medo de olhar para o relógio, cujos ponteiros pareciam hélices de ventilador, de tão rápido que rodavam.  O horário das dezessete horas já havia ficado pra trás há um bom tempo.
Voltei para Onda Verde, pois ali onde eu estava não dava para ir para outro lugar.  Depois de Onda Verde, retornei à BR, numa situação bem mais desfavorável em relação ao início dos fatos.  A fila de veículos havia triplicado e eu tive que me posicionar no fim dessa fila.
Depois de uns algum tempo ali, os veículos começaram a se movimentar.  A rodovia havia sido liberada.  Faltavam uns cinco minutos para as 18hs.
A partir daí, o espírito do Airton Senna incorporou em mim e os meus Anjos da Guarda entraram em cena.  Todos eles.
A quantidade de veículos transitando, era enorme nos dois sentidos.  Corri feito um louco, fiz ultrapassagens impossíveis.
Consegui chegar a Icem às dezoito horas e vinte minutos.
A cidade é pequena.  Num instante, já estava defronte a igreja, que se localizava no meio de uma praça. Já era noite, estava escuro.  De longe, deu pra ver pelas janelas da igreja, a luz das luminárias do cinegrafista que filmava a cerimônia. Comecei a tremer mais ainda, e pensava: - Coitado do Silvio, sozinho lá!
Só esqueci de comentar que, durante o ultimo trajeto da viagem eu já vinha com o equipamento fotográfico colado ao corpo.  A câmara fotográfica pendurada no pescoço e o flash no ombro esquerdo.  Os meus bolsos estavam abastecidos com filmes.  Enfim, já estava pronto para começar a fotografar.
Entrei com o carro na calçada da praça, e estacionei ao lado do carro da noiva.
Invadi a igreja, transpirando feito um louco.  Suava mais do que “moringa nova”.
Observei que o padre ainda fazia o sermão de praxe, e fui logo perguntando pro Silvio.  Em que pé está a cerimônia?  O que já aconteceu?
Então, ele me tranquilizou, dizendo que havia retardado o início da cerimônia o quanto pôde, até que o padre pressionou bastante e o casamento começou sem a minha presença.  E me informou também que os noivos haviam acabado de adentrar a nave da igreja e que ele havia conseguido fotografar a entrada da noiva sem problemas.
Respirei aliviado.  Enchi os pulmões de ar e assumi o comando das operações.  Daí para a frente, tudo normal.  Só alegria e alívio.
Lamentei pelo Silvio, de calças jeans desbotadas, de tênis e uma camisetinha de bater no dia a dia, diante de convidados tão bem vestidos.
No transcorrer da cerimônia, percebi que alguns casais de padrinhos chegaram atrasados e se posicionavam no altar, dando explicações aos demais.  Soube depois, que eles também estavam presos no trânsito da BR. Dessa forma, ficou mais fácil justificar perante os noivos e as respectivas famílias, o meu atraso e explicar como as coisas haviam acontecido.
Situações de sufoco assim, espero  nunca mais passar. Mais uma dessa o meu coração não agüenta.


 A BR-153 é uma rodovia federal, que corta o país de norte a sul.  Aqui no estado de São Paulo, ela se inicia no município de Icem, na divisa com Minas Gerais e termina em Ourinhos, na divisa com o Paraná.
Foi nessa rodovia que aconteceram os fatos que vou relatar agora.
Nós tínhamos fechado um contrato para fotografar um casamento na cidade de Icem, na fronteira norte do Estado, cidade que fica distante uns sessenta quilômetros de nossa sede em São José do Rio Preto.
O casamento seria realizado num sábado, sendo o casamento civil no período da manhã e o religioso no período da tarde, às dezoito horas.
Para cumprir esse compromisso, enviei a Icem, meu colega de trabalho chamado Silvio.  Ele viajou de ônibus, logo de manhã, para fotografar o casamento civil no cartório da cidade.  O combinado era que, assim que o casamento terminasse, ele embarcaria de volta para Rio Preto no primeiro ônibus. À tarde, nós dois voltaríamos a Icem, para fotografar o casamento religioso e a recepção.
Tudo corria normalmente, até o momento que recebo um telefonema do Silvio, dizendo que a família solicitou a presença dele no almoço que seria servido em seguida.  Queriam fazer algumas fotos com a família e parentes que vieram de outras cidades.
Sabendo disso, perguntei ao Silvio, se ele se sentia seguro para executar esta tarefa, pois ainda estava na fase de aprendizado como fotógrafo.  Ele conseguia fotografar bem, cenas paradas, onde não houvesse aquela pressa de rotina das reportagens fotográficas.
Perguntei também, se ele havia levado filmes em quantidade suficiente para fotografar o almoço em família e ele me respondeu que se sentia seguro para fotografar, que eu não deveria me preocupar com isso e que tinha levado alguns filmes a mais. Portanto, daria para fotografar o almoço com tranqüilidade.
Diante daquela situação, combinamos o seguinte: terminado o almoço, ele deveria se instalar no único hotel da cidade para descansar e tomar um bom banho.  Eu passaria na casa dele em Rio Preto e pegaria com sua mãe, a roupa que ele usaria no casamento religioso. Combinei também, que sairia mais cedo de Rio Preto, para nos prepararmos com tranqüilidade para o evento da noite.  E assim fizemos.
Ele fotografou o casamento civil seguido do almoço, e depois se instalou no hotel para descansar e aguardar a minha chegada no meio da tarde.
Naquela manhã, trabalhei normalmente na loja da empresa.  Fechei o estabelecimento por volta de meio dia e meio e fui pra casa almoçar.  Antes de tudo isso, telefonei para a mãe do Silvio, pedindo que ela preparasse uma troca de roupa de passeio para eu levar a Icem.
Chegando em casa, tomei um banho, almocei e descansei um pouco.
Por volta das quinze horas, chequei o equipamento que ia usar na reportagem, me despedi de minha esposa e parti.  No caminho, passei na residência do Silvio e peguei um cabide com as trocas de roupa que a mãe dele havia preparado para ele usar no nosso compromisso.
Peguei a estrada.  Estava tranqüilo, pois a viagem normalmente não demora mais do que 45 minutos.  A minha previsão era de chegar bem cedo, para nos prepararmos com bastante calma.
A viagem estava calma, pouco trânsito.  Depois de rodar uns 15 ou 20 minutos, a surpresa.  O transito parou.  Todos os veículos parados sobre a rodovia, com o pisca-alerta ligado. Naquele momento, achei que fosse uma “paradinha” de rotina.  Às vezes, o pessoal da manutenção pára o transito pra fazer algum reparo na pista ou alguma coisa parecida.
Acontece que o tempo de parada foi se prolongando. O pessoal descendo dos carros e caminhões, reunindo-se em rodinhas, batendo papo.   Comecei a ficar preocupado.  De repente, vi uma viatura da Policia Rodoviária Federal estacionada mais adiante.  Fechei o carro e dirigi-me até eles.  Queria saber o que estava acontecendo.
O policial rodoviário me deu uma notícia que eu não gostaria de ouvir.  Um quilômetro adiante, havia acontecido um acidente com um caminhão que levava uma carga de couros.  O caminhão estava tombado no acostamento e a carga estava sendo transferida para outro veículo.  Naquele momento o guincho estava engatando os cabos para destombar o caminhão.  Com aquela movimentação toda de veículos e pessoas, a rodovia precisou ser interditada.
Perguntei então, ao policial rodoviário, se havia uma previsão para o término dos trabalhos, pois tinha um compromisso para logo mais.
O policial me respondeu de forma meio ríspida, que não havia previsão para a desobstrução da rodovia e que todo mundo ali também tinha compromisso, não era só eu.
Comecei a ficar nervoso e as pernas começaram a tremer.  Fiquei pensando no Silvio, sozinho lá em Icem, sem roupa adequada para a cerimônia, sem prática nenhuma para executar um trabalho daquela importância e sem material suficiente para trabalhar.
Começou a chover, uma garoa fininha, que fez com que todos corressem para dentro dos seus veículos. De tão nervoso, eu já nem tinha unhas para roer.  Ia começar a comer dos dedos...
Voltei até onde estavam os policiais,e perguntei a eles se havia alguma outra alternativa, uma estrada rural, mesmo sem pavimentação, que eu pudesse utilizar para desviar daquele trecho de rodovia que estava interrompido.  Resposta negativa.  Eles não conheciam nenhuma rota diferente para me informar.
De repente, um caminhoneiro me sugeriu para eu voltar alguns quilômetros, entrar na pequena cidade de Onda Verde.  Talvez algum morador dessa cidade pudesse me dar alguma informação sobre a tal rota alternativa.
Assim fiz.  Liguei o carro, fiz a meia volta e rumei para Onda Verde. Era realmente uma cidade bem pequena, com uma única rua com estabelecimentos comerciais.
Estacionei o carro, dirigi-me a um bar, onde havia várias pessoas batendo papo.
Expliquei a eles o meu problema e um deles apareceu com uma única solução possível, a Fazenda dos Ingleses.
Essa fazenda era localizada no caminho de uma estrada rural entre os municípios de Onda Verde e Nova Granada.  Se eu conseguisse chegar a Nova Granada, poderia retornar à BR-153, bem à frente do trecho interditado. Só que no meio do caminho, tinha a Fazenda dos Ingleses.  Um dos freqüentadores do bar me disse que eu deveria contar com a sorte.  Se a porteira da fazenda estivesse aberta, tudo bem.  Eu conseguiria passar por dentro da fazenda e chegar ao meu destino. Caso contrário...
A chuva apertou.  Despedi-me do pessoal do bar e coloquei o meu Opalão na estradinha de barro.  A estrada estava péssima, muito barro, muitas poças d’água e muita costela- de- vaca, ondulações na estrada que fazem o carro trepidar  demais.
Depois de muito zigue-zague e escorregões na estrada enlameada, cheguei na Fazenda dos Ingleses. Havia rodado  mais ou menos uns dez quilômetros para chegar lá. Como eu sou um sujeito de “muita sorte”, encontrei a porteira da fazenda fechada.  Não havia uma única alma nas redondezas para me dar alguma informação. 
Chovia muito, chovia demais. 
Nessa altura, eu tinha até medo de olhar para o relógio, cujos ponteiros pareciam hélices de ventilador, de tão rápido que rodavam.  O horário das dezessete horas já havia ficado pra trás há um bom tempo.
Voltei para Onda Verde, pois ali onde eu estava não dava para ir para outro lugar.  Depois de Onda Verde, retornei à BR, numa situação bem mais desfavorável em relação ao início dos fatos.  A fila de veículos havia triplicado e eu tive que me posicionar no fim dessa fila.
Depois de uns algum tempo ali, os veículos começaram a se movimentar.  A rodovia havia sido liberada.  Faltavam uns cinco minutos para as 18hs.
A partir daí, o espírito do Airton Senna incorporou em mim e os meus Anjos da Guarda entraram em cena.  Todos eles.
A quantidade de veículos transitando, era enorme nos dois sentidos.  Corri feito um louco, fiz ultrapassagens impossíveis.
Consegui chegar a Icem às dezoito horas e vinte minutos.
A cidade é pequena.  Num instante, já estava defronte a igreja, que se localizava no meio de uma praça. Já era noite, estava escuro.  De longe, deu pra ver pelas janelas da igreja, a luz das luminárias do cinegrafista que filmava a cerimônia. Comecei a tremer mais ainda, e pensava: - Coitado do Silvio, sozinho lá!
Só esqueci de comentar que, durante o ultimo trajeto da viagem eu já vinha com o equipamento fotográfico colado ao corpo.  A câmara fotográfica pendurada no pescoço e o flash no ombro esquerdo.  Os meus bolsos estavam abastecidos com filmes.  Enfim, já estava pronto para começar a fotografar.
Entrei com o carro na calçada da praça, e estacionei ao lado do carro da noiva.
Invadi a igreja, transpirando feito um louco.  Suava mais do que “moringa nova”.
Observei que o padre ainda fazia o sermão de praxe, e fui logo perguntando pro Silvio.  Em que pé está a cerimônia?  O que já aconteceu?
Então, ele me tranquilizou, dizendo que havia retardado o início da cerimônia o quanto pôde, até que o padre pressionou bastante e o casamento começou sem a minha presença.  E me informou também que os noivos haviam acabado de adentrar a nave da igreja e que ele havia conseguido fotografar a entrada da noiva sem problemas.
Respirei aliviado.  Enchi os pulmões de ar e assumi o comando das operações.  Daí para a frente, tudo normal.  Só alegria e alívio.
Lamentei pelo Silvio, de calças jeans desbotadas, de tênis e uma camisetinha de bater no dia a dia, diante de convidados tão bem vestidos.
No transcorrer da cerimônia, percebi que alguns casais de padrinhos chegaram atrasados e se posicionavam no altar, dando explicações aos demais.  Soube depois, que eles também estavam presos no trânsito da BR. Dessa forma, ficou mais fácil justificar perante os noivos e as respectivas famílias, o meu atraso e explicar como as coisas haviam acontecido.
Situações de sufoco assim, espero, sinceramente, nunca mais passar. Outra experiência igual a esta o  meu coração não agüenta.





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