A BR-153 é uma rodovia federal, que corta o país de
norte a sul. Aqui no estado de São
Paulo, ela se inicia no município de Icem, na divisa com Minas Gerais e termina
em Ourinhos, na divisa com o Paraná.
Foi nessa rodovia que aconteceram os fatos que vou
relatar agora.
Nós tínhamos fechado um contrato para fotografar um
casamento na cidade de Icem, na fronteira norte do Estado, cidade que fica
distante uns sessenta quilômetros de nossa sede em São José do Rio Preto.
O casamento seria realizado num sábado, sendo o casamento
civil no período da manhã e o religioso no período da tarde, às dezoito horas.
Para cumprir esse compromisso, enviei a Icem, meu
colega de trabalho chamado Silvio. Ele
viajou de ônibus, logo de manhã, para fotografar o casamento civil no cartório
da cidade. O combinado era que, assim
que o casamento terminasse, ele embarcaria de volta para Rio Preto no primeiro
ônibus. À tarde, nós dois voltaríamos a Icem, para fotografar o casamento
religioso e a recepção.
Tudo corria normalmente, até o momento que recebo um
telefonema do Silvio, dizendo que a família solicitou a presença dele no almoço
que seria servido em seguida. Queriam
fazer algumas fotos com a família e parentes que vieram de outras cidades.
Sabendo disso, perguntei ao Silvio, se ele se sentia
seguro para executar esta tarefa, pois ainda estava na fase de aprendizado como
fotógrafo. Ele conseguia fotografar bem,
cenas paradas, onde não houvesse aquela pressa de rotina das reportagens fotográficas.
Perguntei
também, se ele havia levado filmes em quantidade suficiente para fotografar o
almoço em família e ele me respondeu que se sentia seguro para fotografar, que
eu não deveria me preocupar com isso e que tinha levado alguns filmes a mais. Portanto,
daria para fotografar o almoço com tranqüilidade.
Diante daquela situação, combinamos o seguinte: terminado
o almoço, ele deveria se instalar no único hotel da cidade para descansar e
tomar um bom banho. Eu passaria na casa
dele em Rio Preto e pegaria com sua mãe, a roupa que ele usaria no casamento
religioso. Combinei também, que sairia mais cedo de Rio Preto, para nos
prepararmos com tranqüilidade para o evento da noite. E assim fizemos.
Ele fotografou o casamento civil seguido do almoço, e
depois se instalou no hotel para descansar e aguardar a minha chegada no meio
da tarde.
Naquela manhã, trabalhei normalmente na loja da
empresa. Fechei o estabelecimento por
volta de meio dia e meio e fui pra casa almoçar. Antes de tudo isso, telefonei para a mãe do
Silvio, pedindo que ela preparasse uma troca de roupa de passeio para eu levar a
Icem.
Chegando em casa, tomei um banho, almocei e descansei
um pouco.
Por volta das quinze horas, chequei o equipamento que
ia usar na reportagem, me despedi de minha esposa e parti. No caminho, passei na residência do Silvio e
peguei um cabide com as trocas de roupa que a mãe dele havia preparado para ele
usar no nosso compromisso.
Peguei a estrada.
Estava tranqüilo, pois a viagem normalmente não demora mais do que 45
minutos. A minha previsão era de chegar
bem cedo, para nos prepararmos com bastante calma.
A viagem estava calma, pouco trânsito. Depois de rodar uns 15 ou 20 minutos, a
surpresa. O transito parou. Todos os veículos parados sobre a rodovia,
com o pisca-alerta ligado. Naquele momento, achei que fosse uma “paradinha” de
rotina. Às vezes, o pessoal da
manutenção pára o transito pra fazer algum reparo na pista ou alguma coisa
parecida.
Acontece que o tempo de parada foi se prolongando. O
pessoal descendo dos carros e caminhões, reunindo-se em rodinhas, batendo
papo. Comecei a ficar preocupado. De repente, vi uma viatura da Policia
Rodoviária Federal estacionada mais adiante.
Fechei o carro e dirigi-me até eles.
Queria saber o que estava acontecendo.
O policial rodoviário me deu uma notícia que eu não
gostaria de ouvir. Um quilômetro
adiante, havia acontecido um acidente com um caminhão que levava uma carga de
couros. O caminhão estava tombado no
acostamento e a carga estava sendo transferida para outro veículo. Naquele momento o guincho estava engatando os
cabos para destombar o caminhão. Com
aquela movimentação toda de veículos e pessoas, a rodovia precisou ser
interditada.
Perguntei então, ao policial rodoviário, se havia uma
previsão para o término dos trabalhos, pois tinha um compromisso para logo
mais.
O policial me respondeu de forma meio ríspida, que
não havia previsão para a desobstrução da rodovia e que todo mundo ali também
tinha compromisso, não era só eu.
Comecei a ficar nervoso e as pernas começaram a
tremer. Fiquei pensando no Silvio,
sozinho lá em Icem, sem roupa adequada para a cerimônia, sem prática nenhuma
para executar um trabalho daquela importância e sem material suficiente para
trabalhar.
Começou a chover, uma garoa fininha, que fez com que
todos corressem para dentro dos seus veículos. De tão nervoso, eu já nem tinha
unhas para roer. Ia começar a comer dos
dedos...
Voltei até onde estavam os policiais,e perguntei a
eles se havia alguma outra alternativa, uma estrada rural, mesmo sem
pavimentação, que eu pudesse utilizar para desviar daquele trecho de rodovia
que estava interrompido. Resposta
negativa. Eles não conheciam nenhuma
rota diferente para me informar.
De repente, um caminhoneiro me sugeriu para eu voltar
alguns quilômetros, entrar na pequena cidade de Onda Verde. Talvez algum morador dessa cidade pudesse me
dar alguma informação sobre a tal rota alternativa.
Assim fiz.
Liguei o carro, fiz a meia volta e rumei para Onda Verde. Era realmente
uma cidade bem pequena, com uma única rua com estabelecimentos comerciais.
Estacionei o carro, dirigi-me a um bar, onde havia
várias pessoas batendo papo.
Expliquei
a eles o meu problema e um deles apareceu com uma única solução possível, a
Fazenda dos Ingleses.
Essa fazenda era localizada no caminho de uma estrada
rural entre os municípios de Onda Verde e Nova Granada. Se eu conseguisse chegar a Nova Granada,
poderia retornar à BR-153, bem à frente do trecho interditado. Só que no meio
do caminho, tinha a Fazenda dos Ingleses.
Um dos freqüentadores do bar me disse que eu deveria contar com a
sorte. Se a porteira da fazenda
estivesse aberta, tudo bem. Eu
conseguiria passar por dentro da fazenda e chegar ao meu destino. Caso
contrário...
A chuva apertou.
Despedi-me do pessoal do bar e coloquei o meu Opalão na estradinha de
barro. A estrada estava péssima, muito
barro, muitas poças d’água e muita costela- de- vaca, ondulações na estrada que
fazem o carro trepidar demais.
Depois de muito zigue-zague e escorregões na estrada
enlameada, cheguei na Fazenda dos Ingleses. Havia rodado mais ou menos uns dez quilômetros para chegar
lá. Como eu sou um sujeito de “muita sorte”, encontrei a porteira da fazenda
fechada. Não havia uma única alma nas
redondezas para me dar alguma informação.
Chovia muito, chovia demais.
Nessa altura, eu tinha até medo de olhar para o
relógio, cujos ponteiros pareciam hélices de ventilador, de tão rápido que
rodavam. O horário das dezessete horas
já havia ficado pra trás há um bom tempo.
Voltei para Onda Verde, pois ali onde eu estava não
dava para ir para outro lugar. Depois de
Onda Verde, retornei à BR, numa situação bem mais desfavorável em relação ao
início dos fatos. A fila de veículos
havia triplicado e eu tive que me posicionar no fim dessa fila.
Depois de uns algum tempo ali, os veículos começaram
a se movimentar. A rodovia havia sido
liberada. Faltavam uns cinco minutos
para as 18hs.
A partir daí, o espírito do Airton Senna incorporou
em mim e os meus Anjos da Guarda entraram em cena. Todos eles.
A quantidade de veículos transitando, era enorme nos
dois sentidos. Corri feito um louco, fiz
ultrapassagens impossíveis.
Consegui chegar a Icem às dezoito horas e vinte
minutos.
A cidade é pequena.
Num instante, já estava defronte a igreja, que se localizava no meio de
uma praça. Já era noite, estava escuro.
De longe, deu pra ver pelas janelas da igreja, a luz das luminárias do
cinegrafista que filmava a cerimônia. Comecei a tremer mais ainda, e pensava: -
Coitado do Silvio, sozinho lá!
Só esqueci de comentar que, durante o ultimo trajeto
da viagem eu já vinha com o equipamento fotográfico colado ao corpo. A câmara fotográfica pendurada no pescoço e o
flash no ombro esquerdo. Os meus bolsos
estavam abastecidos com filmes. Enfim,
já estava pronto para começar a fotografar.
Entrei com o carro na calçada da praça, e estacionei
ao lado do carro da noiva.
Invadi a igreja, transpirando feito um louco. Suava mais do que “moringa nova”.
Observei que o padre ainda fazia o sermão de praxe, e
fui logo perguntando pro Silvio. Em que
pé está a cerimônia? O que já aconteceu?
Então, ele me tranquilizou, dizendo que havia
retardado o início da cerimônia o quanto pôde, até que o padre pressionou
bastante e o casamento começou sem a minha presença. E me informou também que os noivos haviam
acabado de adentrar a nave da igreja e que ele havia conseguido fotografar a
entrada da noiva sem problemas.
Respirei aliviado.
Enchi os pulmões de ar e assumi o comando das operações. Daí para a frente, tudo normal. Só alegria e alívio.
Lamentei pelo Silvio, de calças jeans desbotadas, de
tênis e uma camisetinha de bater no dia a dia, diante de convidados tão bem
vestidos.
No transcorrer da cerimônia, percebi que alguns
casais de padrinhos chegaram atrasados e se posicionavam no altar, dando
explicações aos demais. Soube depois,
que eles também estavam presos no trânsito da BR. Dessa forma, ficou mais fácil
justificar perante os noivos e as respectivas famílias, o meu atraso e explicar
como as coisas haviam acontecido.
Situações
de sufoco assim, espero nunca mais passar. Mais uma dessa o meu
coração não agüenta.
A BR-153 é uma rodovia federal, que corta o país de
norte a sul. Aqui no estado de São
Paulo, ela se inicia no município de Icem, na divisa com Minas Gerais e termina
em Ourinhos, na divisa com o Paraná.
Foi nessa rodovia que aconteceram os fatos que vou
relatar agora.
Nós tínhamos fechado um contrato para fotografar um
casamento na cidade de Icem, na fronteira norte do Estado, cidade que fica
distante uns sessenta quilômetros de nossa sede em São José do Rio Preto.
O casamento seria realizado num sábado, sendo o casamento
civil no período da manhã e o religioso no período da tarde, às dezoito horas.
Para cumprir esse compromisso, enviei a Icem, meu
colega de trabalho chamado Silvio. Ele
viajou de ônibus, logo de manhã, para fotografar o casamento civil no cartório
da cidade. O combinado era que, assim
que o casamento terminasse, ele embarcaria de volta para Rio Preto no primeiro
ônibus. À tarde, nós dois voltaríamos a Icem, para fotografar o casamento
religioso e a recepção.
Tudo corria normalmente, até o momento que recebo um
telefonema do Silvio, dizendo que a família solicitou a presença dele no almoço
que seria servido em seguida. Queriam
fazer algumas fotos com a família e parentes que vieram de outras cidades.
Sabendo disso, perguntei ao Silvio, se ele se sentia
seguro para executar esta tarefa, pois ainda estava na fase de aprendizado como
fotógrafo. Ele conseguia fotografar bem,
cenas paradas, onde não houvesse aquela pressa de rotina das reportagens fotográficas.
Perguntei
também, se ele havia levado filmes em quantidade suficiente para fotografar o
almoço em família e ele me respondeu que se sentia seguro para fotografar, que
eu não deveria me preocupar com isso e que tinha levado alguns filmes a mais. Portanto,
daria para fotografar o almoço com tranqüilidade.
Diante daquela situação, combinamos o seguinte: terminado
o almoço, ele deveria se instalar no único hotel da cidade para descansar e
tomar um bom banho. Eu passaria na casa
dele em Rio Preto e pegaria com sua mãe, a roupa que ele usaria no casamento
religioso. Combinei também, que sairia mais cedo de Rio Preto, para nos
prepararmos com tranqüilidade para o evento da noite. E assim fizemos.
Ele fotografou o casamento civil seguido do almoço, e
depois se instalou no hotel para descansar e aguardar a minha chegada no meio
da tarde.
Naquela manhã, trabalhei normalmente na loja da
empresa. Fechei o estabelecimento por
volta de meio dia e meio e fui pra casa almoçar. Antes de tudo isso, telefonei para a mãe do
Silvio, pedindo que ela preparasse uma troca de roupa de passeio para eu levar a
Icem.
Chegando em casa, tomei um banho, almocei e descansei
um pouco.
Por volta das quinze horas, chequei o equipamento que
ia usar na reportagem, me despedi de minha esposa e parti. No caminho, passei na residência do Silvio e
peguei um cabide com as trocas de roupa que a mãe dele havia preparado para ele
usar no nosso compromisso.
Peguei a estrada.
Estava tranqüilo, pois a viagem normalmente não demora mais do que 45
minutos. A minha previsão era de chegar
bem cedo, para nos prepararmos com bastante calma.
A viagem estava calma, pouco trânsito. Depois de rodar uns 15 ou 20 minutos, a
surpresa. O transito parou. Todos os veículos parados sobre a rodovia,
com o pisca-alerta ligado. Naquele momento, achei que fosse uma “paradinha” de
rotina. Às vezes, o pessoal da
manutenção pára o transito pra fazer algum reparo na pista ou alguma coisa
parecida.
Acontece que o tempo de parada foi se prolongando. O
pessoal descendo dos carros e caminhões, reunindo-se em rodinhas, batendo
papo. Comecei a ficar preocupado. De repente, vi uma viatura da Policia
Rodoviária Federal estacionada mais adiante.
Fechei o carro e dirigi-me até eles.
Queria saber o que estava acontecendo.
O policial rodoviário me deu uma notícia que eu não
gostaria de ouvir. Um quilômetro
adiante, havia acontecido um acidente com um caminhão que levava uma carga de
couros. O caminhão estava tombado no
acostamento e a carga estava sendo transferida para outro veículo. Naquele momento o guincho estava engatando os
cabos para destombar o caminhão. Com
aquela movimentação toda de veículos e pessoas, a rodovia precisou ser
interditada.
Perguntei então, ao policial rodoviário, se havia uma
previsão para o término dos trabalhos, pois tinha um compromisso para logo
mais.
O policial me respondeu de forma meio ríspida, que
não havia previsão para a desobstrução da rodovia e que todo mundo ali também
tinha compromisso, não era só eu.
Comecei a ficar nervoso e as pernas começaram a
tremer. Fiquei pensando no Silvio,
sozinho lá em Icem, sem roupa adequada para a cerimônia, sem prática nenhuma
para executar um trabalho daquela importância e sem material suficiente para
trabalhar.
Começou a chover, uma garoa fininha, que fez com que
todos corressem para dentro dos seus veículos. De tão nervoso, eu já nem tinha
unhas para roer. Ia começar a comer dos
dedos...
Voltei até onde estavam os policiais,e perguntei a
eles se havia alguma outra alternativa, uma estrada rural, mesmo sem
pavimentação, que eu pudesse utilizar para desviar daquele trecho de rodovia
que estava interrompido. Resposta
negativa. Eles não conheciam nenhuma
rota diferente para me informar.
De repente, um caminhoneiro me sugeriu para eu voltar
alguns quilômetros, entrar na pequena cidade de Onda Verde. Talvez algum morador dessa cidade pudesse me
dar alguma informação sobre a tal rota alternativa.
Assim fiz.
Liguei o carro, fiz a meia volta e rumei para Onda Verde. Era realmente
uma cidade bem pequena, com uma única rua com estabelecimentos comerciais.
Estacionei o carro, dirigi-me a um bar, onde havia
várias pessoas batendo papo.
Expliquei
a eles o meu problema e um deles apareceu com uma única solução possível, a
Fazenda dos Ingleses.
Essa fazenda era localizada no caminho de uma estrada
rural entre os municípios de Onda Verde e Nova Granada. Se eu conseguisse chegar a Nova Granada,
poderia retornar à BR-153, bem à frente do trecho interditado. Só que no meio
do caminho, tinha a Fazenda dos Ingleses.
Um dos freqüentadores do bar me disse que eu deveria contar com a
sorte. Se a porteira da fazenda
estivesse aberta, tudo bem. Eu
conseguiria passar por dentro da fazenda e chegar ao meu destino. Caso
contrário...
A chuva apertou.
Despedi-me do pessoal do bar e coloquei o meu Opalão na estradinha de
barro. A estrada estava péssima, muito
barro, muitas poças d’água e muita costela- de- vaca, ondulações na estrada que
fazem o carro trepidar demais.
Depois de muito zigue-zague e escorregões na estrada
enlameada, cheguei na Fazenda dos Ingleses. Havia rodado mais ou menos uns dez quilômetros para chegar
lá. Como eu sou um sujeito de “muita sorte”, encontrei a porteira da fazenda
fechada. Não havia uma única alma nas
redondezas para me dar alguma informação.
Chovia muito, chovia demais.
Nessa altura, eu tinha até medo de olhar para o
relógio, cujos ponteiros pareciam hélices de ventilador, de tão rápido que
rodavam. O horário das dezessete horas
já havia ficado pra trás há um bom tempo.
Voltei para Onda Verde, pois ali onde eu estava não
dava para ir para outro lugar. Depois de
Onda Verde, retornei à BR, numa situação bem mais desfavorável em relação ao
início dos fatos. A fila de veículos
havia triplicado e eu tive que me posicionar no fim dessa fila.
Depois de uns algum tempo ali, os veículos começaram
a se movimentar. A rodovia havia sido
liberada. Faltavam uns cinco minutos
para as 18hs.
A partir daí, o espírito do Airton Senna incorporou
em mim e os meus Anjos da Guarda entraram em cena. Todos eles.
A quantidade de veículos transitando, era enorme nos
dois sentidos. Corri feito um louco, fiz
ultrapassagens impossíveis.
Consegui chegar a Icem às dezoito horas e vinte
minutos.
A cidade é pequena.
Num instante, já estava defronte a igreja, que se localizava no meio de
uma praça. Já era noite, estava escuro.
De longe, deu pra ver pelas janelas da igreja, a luz das luminárias do
cinegrafista que filmava a cerimônia. Comecei a tremer mais ainda, e pensava: -
Coitado do Silvio, sozinho lá!
Só esqueci de comentar que, durante o ultimo trajeto
da viagem eu já vinha com o equipamento fotográfico colado ao corpo. A câmara fotográfica pendurada no pescoço e o
flash no ombro esquerdo. Os meus bolsos
estavam abastecidos com filmes. Enfim,
já estava pronto para começar a fotografar.
Entrei com o carro na calçada da praça, e estacionei
ao lado do carro da noiva.
Invadi a igreja, transpirando feito um louco. Suava mais do que “moringa nova”.
Observei que o padre ainda fazia o sermão de praxe, e
fui logo perguntando pro Silvio. Em que
pé está a cerimônia? O que já aconteceu?
Então, ele me tranquilizou, dizendo que havia
retardado o início da cerimônia o quanto pôde, até que o padre pressionou
bastante e o casamento começou sem a minha presença. E me informou também que os noivos haviam
acabado de adentrar a nave da igreja e que ele havia conseguido fotografar a
entrada da noiva sem problemas.
Respirei aliviado.
Enchi os pulmões de ar e assumi o comando das operações. Daí para a frente, tudo normal. Só alegria e alívio.
Lamentei pelo Silvio, de calças jeans desbotadas, de
tênis e uma camisetinha de bater no dia a dia, diante de convidados tão bem
vestidos.
No transcorrer da cerimônia, percebi que alguns
casais de padrinhos chegaram atrasados e se posicionavam no altar, dando
explicações aos demais. Soube depois,
que eles também estavam presos no trânsito da BR. Dessa forma, ficou mais fácil
justificar perante os noivos e as respectivas famílias, o meu atraso e explicar
como as coisas haviam acontecido.
Situações
de sufoco assim, espero, sinceramente, nunca mais passar. Outra experiência igual a esta o meu
coração não agüenta.
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