Início dos anos 90, no Cine Foto Star em São José do
Rio Preto, aconteceu uma cena curiosa.
Nessa época, eu atuava como gerente dessa empresa e
contava com um quadro de funcionários de 12 pessoas mais ou menos.
A nossa equipe contava com pessoal do laboratório
fotográfico, da área administrativa e os atendentes de balcão.
Na equipe de atendentes, trabalhava Sofia (nome
fictício). Era uma morena magra, alta,
esguia e bastante cabeluda. Cabelos
crespos, armados... Uma das características dela, que chamava mais atenção, era
a sua forma de olhar. Olhar fixo,
penetrante.
Dentre os produtos e serviços que oferecíamos na
época, o que girava um movimento maior, era revelação de filmes e ampliação de
fotografias. No início de semana,
principalmente, era uma loucura o volume de serviço que tínhamos.
A maioria dos clientes não sabia operar seus
equipamentos e preferia trazer as câmaras fotográficas até a loja, para que nós
tirássemos os filmes para revelar. Eles
não sentiam segurança em realizar esta tarefa e sempre tinham uma história para
contar de fotos importantes que foram perdidas, devido a um erro na hora de
tirar o filme da máquina.
A maioria dos acidentes acontecia, porque o fotógrafo
amador esquecia de rebobinar o filme antes de abrir a tampa da câmara. Rebobinar
era guardar o filme dentro da própria embalagem original. As tampas eram abertas com o filme exposto à
luz e todas as fotografias eram perdidas, veladas (queimadas).
Seguindo essa rotina, numa bela segunda-feira de
bastante movimento, adentra a loja, um cliente, aparentando idade entre 50 e 60
anos, com sua câmara na mão.
Esse cliente foi atendido pela Sofia, aquela do olhar
penetrante. Depois dos cumprimentos de
praxe, ele solicitou para que ela tirasse o filme da máquina e encaminhasse
para revelação.
De pronto, ela pegou a câmara e, olhando fixamente
nos olhos do cliente, perguntou:
- O senhor já rebobinou?
Ele leva um susto, recua, retoma a respiração e
retruca:
- O que é isso menina! Me respeite!
Você está pensando que eu sou o quê?
Pronto! A confusão já estava armada. Com a loja lotada de clientes, aquilo virou
um circo.
Sofia, não entendendo a reação do cliente, tenta
explicar a pergunta, mas ele, profundamente ofendido, não conseguia ouvir o que
ela queria dizer.
Foi necessário a presença de outra vendedora, com
olhar menos insinuante, para desfazer o mal entendido, apaziguar os ânimos e
encaminhar o filme do cliente para a revelação.
O que será que ele entendeu por “O SENHOR JÁ
REBOBINOU?”
Êta mente suja!!!!
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