sexta-feira, 26 de abril de 2013

OS EMBALOS DE SÁBADO A NOITE



No ano de 1978, trabalhava por conta própria.  Fotografava crianças de casa em casa, fazendo álbuns e posters.  Nesta ocasião, morava em Lins e trabalhava em Santos, cidade do litoral paulista.
Devido à distância, trabalhava duas semanas seguidas e só retornava a casa a cada 15 dias.  Assim, passava um final de semana em casa e outro fora.
Num destes finais de semana que passei em Santos, resolvi assistir o filme que era a sensação do momento: “Os embalos de sábado à noite”, com John Travolta.  Vivíamos a época das discotecas.
Dos cinemas que exibiam o filme na época, escolhi o Cine Roxy, localizado na Avenida Ana Costa.  Principalmente, pela facilidade de estacionamento.
Acontece que quando cheguei ao cinema, o filme já havia começado e já estava quase na metade da exibição, segundo informação do porteiro. Entrei na fila que já se formava e comprei o meu ingresso.
Guardei o ingresso na carteira e me dirigi a uma lanchonete localizada nas imediações.
Como ia demorar pelo menos uma hora para iniciar a próxima sessão, resolvi tomar um lanche, pois estava com fome.
Depois do lanche, matei o resto do tempo admirando os produtos de uma loja de artigos fotográficos, ali ao lado do cinema. Faltando poucos minutos para o início da minha sessão, me encaminhei para o cinema.
Chegando ao Cine Roxy, me dirigi à porta de entrada da sala de projeção.  Tirei o Ticket da carteira e entreguei ao porteiro do cinema. Ele me olhou com espanto e ficou me encarando.  Sem entender o porquê daquela encarada, fui entrando, mas intrigado com a reação do porteiro.
Escolhi um bom lugar e curti o filme embalado pela trilha sonora dos Bee Gees.
O filme terminou perto da meia noite. Fui direto pra cama, pois tinha uma semana inteira de trabalho me aguardando.
Depois de trabalhar duro na segunda-feira, cheguei ao hotel de tarde, tomei banho e fui jantar.
Depois, já no meu quarto, resolvi dar uma organizada na minha carteira.  Até hoje, tenho o hábito de juntar papeis, cartões de visitas, notas fiscais, e outras coisas sem necessidade. Assim, de tempos em tempos, resolvo separar o que realmente interessa e o que sobra vai direto pro lixo.
Enquanto fazia a faxina na minha carteira, olhando papel por papel, uma coisa me chamou a atenção. Na hora, não acreditei no que estava vendo.
No meio daquela papelada toda, encontrei o ticket do Cine Roxy.  Verifiquei a data... era do dia anterior.  Caramba!  Se o ticket estava na minha mão, o que foi então que eu entreguei para o porteiro na hora de adentrar ao cinema?
Botei a cabeça para funcionar e acabei chegando a uma conclusão. Entreguei para o porteiro do cinema, o ticket do pedágio da Rodovia dos Imigrantes que estava guardado no meio daquela papelada toda. Os tickets eram parecidos, tinham praticamente o mesmo tamanho.
Aí, entendi a “encarada” do porteiro.  Ele percebeu que era o ticket errado,  mas não me disse nada. Apenas ficou me olhando, esperando que eu me “tocasse” e entregasse o comprovante correto. Estranha essa atitude dele!
Tive vontade de voltar ao cinema para me desculpar, mas acabei deixando pra lá.
Se querem saber, destruí o ticket e não o utilizei novamente.

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